terça-feira, 11 de outubro de 2011

Qual Educação Ambiental queremos?



            Ando fazendo algumas leituras sobre Educação Ambiental em decorrência da seleção do mestrado que participarei e as reflexões realizadas até o momento têm contribuído de forma extremamente significativa não apenas em minha formação enquanto Pedagoga, mas enquanto pessoa, enquanto ser humano que vem tentando perceber-se como sujeito socialmente ecológico.
            Atualmente vivemos em uma crise societária concordam? São competições cada dia mais desleais em busca do capital, a vida vem cada dia mais sendo banalizada através de atos extremos de violência que não ocupam mais somente as ruas, mas instituições que são pilares da nossa sociedade como a escola e a família, os valores parecem estar invertidos e o comando da vez é: vale tudo pelo que desejo. Posso matar, posso roubar, humilhar, agredir, abusar, ofender, tudo é aceitável frente à corrida desenfreada pelo que realmente tem valor em nossa sociedade: o dinheiro.
            Diante dessa realidade muitos assuntos vêm emergindo no intuito de compreender e talvez reverter essa situação, dentre essas emergência está a questão Ambiental. A Educação Ambiental é a grande preocupação atual, está presente na mídia, nos discursos políticos, nas propostas de empresas privadas, ou seja, nos mais diversos setores da sociedade.
            A escola, por sua vez, reflete esse contexto social e também vem tratando da temática ambiental em suas práticas. Entretanto, o que tem se percebido é uma visão conservacionista da Educação Ambiental, que trata apenas de questões ligadas ao lixo, à preservação da natureza, utilizando metodologias transmissivas, simplistas, sem um caráter crítico, reflexivo, complexo.
            Tal concepção conservacionista reflete o paradigma atual de nossa sociedade moderna, que fragmenta a realidade, onde o que prevalece são as relações de poder, as desigualdades sociais. Assim, não há uma formação ambiental crítica, mas uma transmissão de conhecimentos que não mobiliza, que não desacomoda, mas sim isola, ordena, controla, fazendo os sujeitos acreditarem na submissão, no “caminho único” - como bem ressalta Guimarães (2005) - como sinônimo de progresso.
            Contrariando a visão simplista que o modelo civilizatório vem disseminando, a Educação Ambiental é um tema complexo que abrange os diferentes fatores sociais, culturais, históricos, políticos, econômicos, físicos e biológicos. Assim, a escola, ao tentar isolar a temática ambiental em uma única disciplina descaracteriza e bitola uma prática que deveria ser emancipatória e mobilizante. Dessa forma, é importante ressaltar o caráter transdisciplinar da Educação Ambiental que permeia todas as áreas do conhecimento e deve ser desenvolvido no intuito de contribuir na construção cidadãos formadores e tomadores de decisões, sujeitos capazes de interferir no seu grupo mobilizando e transformando sociedades.
            Portanto, vale aqui uma reflexão sobre que Educação Ambiental estamos desenvolvendo em nossas salas de aula, e refletir se somos realmente Educadores Ambientais críticos, que mobilizam nossos alunos ou apenas transmissores de um conhecimento inerte e tradicional.
            A postura do professor tem a ver com uma opção substancialmente política e adjetivamente pedagógica. (SATO, 2004).

Referências:

SATO, Michele. Educação Ambiental. Ed. Santos J. E. São Carlos, 2004

GUIMARÃES, Mauro. A formação de educadores Ambientais – Campinas, SP : Papirus, 2004

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