quarta-feira, 21 de setembro de 2011

FORMAÇÃO PARA A CIDADANIA

BUENO, Leticia da Aguiar
KONZGEN, Simone Pereira


            Sabemos que o papel da escola é muito mais complexo do que simplesmente repassar informações contidas nos conteúdos da grade curricular a serem vencidos ao longo do ano letivo. Superior a essa função (de mediar conhecimento e não simplesmente repassar) a escola deve primar pela emancipação de sujeitos críticos, participativos e ativos no cotidiano escolar.
            Primando pelos princípios acima citados a educação deve contemplar acima de tudo valores que visam a formação desses sujeitos de forma a perceberem-se como cidadãos de direitos e deveres, modificadores e modificados pela realidade à qual estão inseridos. Então, a escola assume um papel fundamental no desenvolvimento pleno dos sujeitos nela inseridos, qual seja educar para a cidadania.
            Assim, ao educar para a cidadania, a escola mesmo que indiretamente (ou conscientemente) prepara também para a conscientização dos direitos humanos. E esta não é uma tarefa fácil ou que se apresente como uma fórmula a ser seguida, mas sim uma conquista diária que envolve todos os sujeitos que fazem parte da realidade educativa já que, como nos mostram Tauchen e Gorczevski. Para eles,

Educar para a cidadania é despertar no indivíduo a consciência de seus direitos na sua comunidade política (...). Educar para os Direitos Humanos é ensinar a respeitar os direitos dos demais, é educar para a paz, para a tolerância, para o amor, é ensinar a doar-se. (2007, p.3)

            Concordando com a ideia dos autores, entendemos que educar para os direitos humanos é primar pelo respeito mútuo, e assim, entre muitos fatores, pela educação igualitária em oportunidades, direitos, deveres e ética. É necessário que mais do que os conteúdos os educandos tenham discernimento em suas ações e atitudes, percebendo e agindo conforme o que é melhor para si e para o próximo.
É correto afirmar que todos têm direito à educação, mas antes dela, temos o direito de ser respeitados, cada indivíduo em suas especificidades e isso deve ser ensinado em todos os seguimentos da sociedade inclusive na escola e, ao nosso ver, é através da educação para os Direitos Humanos que se inicia a educação para a Cidadania. E é este o maior desafio no contexto escolar.
Emerge então, a necessidade de fazer com que os educandos (re) construam os valores perdidos ou considerados ultrapassados, onde a humildade e coleguismo tomem o lugar do egocentrismo e competitividade que assolam os ambientes escolares muitas vezes estimulados pela própria escola quando esta prima por uma educação quantitativa e pela qualidade do processo de ensino-aprendizagem.
Visando a conscientização dos sujeitos se torna possível promover finalidades expressas (ou que deveria estar expressas) nas políticas públicas das instituições escolares. Entendo que um sujeito somente será preparado para o exercício da cidadania e para a qualificação para o trabalho quando este for educado para os direitos humanos. São etapas que se complementam, são fatores indissociáveis já que um serve de base ao outro.
Dessa forma, é importante que as políticas públicas sejam pensadas e propostas primando pela conscientização do papel de cada um na realidade à qual está inserido, somente assim os direitos humanos e a cidadania farão com que o cidadão esteja preparado e qualificado para o trabalho.
Sendo assim, cabe a cada um dos sujeitos inseridos no contexto escolar, buscar pela valorização de todos que compõem a realidade educativa, visando assim a qualidade necessária para que os direitos humanos e a cidadania não se transformem em uma utopia.


Referência:

TAUCHEN, Gionara; GORCZEVSKI, Clóvis. Educar para os Direitos Humanos ou para a Cidadania?. In: Clovis Gorczevski. (Org.). Direitos Humanos, Educação e Cidadania. Porto Alegre: UFRGS, 2007, v. 1, p. 11-31.

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