quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Resenha "O que é Educação Ambiental" do Marcos Reigota


A quem interessa a temática, trago a resenha desse autor que um dos grandes pensadores ambientais, e que merece atenção especial.


REIGOTA, Marcos. O QUE É EDUCAÇÃO AMBIENTAL. 1994. Ed. Brasiliense, 63 p.


Reigota é doutor em Pedagogia da Biologia pela Universidade Católica de Louvain, cursou Licenciatura em Biologia na FFCL Farias Brito e fez mestrado em Filosofia da Educação na PUC – SP. Fez pós Doutorado na Universidade de Genebra sobre Educação Ambiental na América Latina.
É pesquisador e professor da Unicamp e USP; Professor-assistente do Departamento de Educação da Academia Internacional de Meio Ambiente de Genebra e Coordenador, no Brasil, da Campanha Internacional “a voz das crianças”.


Educação Ambiental – reflexões pertinentes

O livro de Marcos Reigota nos faz refletir sobre a Educação Ambiental que visa a formação de cidadãos críticos, conscientes e atuantes, na promoção de uma educação política. Dessa forma, busca-se um entendimento mais abrangente acerca das ações cotidianas, enfatizando a Educação Ambiental como uma ação global, onde o cidadão, ao ter conhecimento dessa realidade, produz um pensamento universal para assim atuar conscientemente como modificador do meio onde está inserido.
Para poder aprofundar um pouco mais a discussão sobre Educação Ambiental, o autor trás uma discussão acerca das diversas concepções sobre o termo meio ambiente, explicando que o mesmo está inserido em inúmeros e diversos discursos políticos, sociais, ecológicos e midiáticos. Para ele Educação Ambiental está relacionada às relações dinâmicas e que estão em constante interação entre aspectos sociais e naturais.
A Educação Ambiental está inserida em todos os aspectos que educam o cidadão, dessa forma, é possível percebê-la nos diversos espaços sociais, culturais, políticos e educacionais, dando, cada um, ênfase às suas especificidades. Por perceber a Educação Ambiental em uma perspectiva global, o autor salienta que a mesma não poderia ser considerada como disciplina dentro do processo educativo, mas sim, como uma perspectiva que permeie todas as disciplinas. Assim, a Educação Ambiental deve ser abordada nos diversos aspectos e espaços promovendo a percepção do educando como cidadão brasileiro e planetário.
Sua abordagem, apesar de ainda ser vista apenas como a transmissão de conhecimento cientifico e a conservação da natureza, precisa levar em conta aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais para que realmente possa ser percebida como Educação Ambiental e não ecologia e/ou ciências biológicas.
Dessa forma, o autor nos aponta seis objetivos definidos na Carta de Belgrado, que se tornam imprescindíveis para um trabalho de Educação Ambiental quais sejam: conscientização, conhecimento, comportamento, competência, capacidade de avaliação e participação. Esses objetivos têm como princípio o esclarecimento e a atuação consciente dos sujeitos frente ao problema ambiental, bem como, a busca um novo comportamento que visa adquirir o sentido dos valores sociais, sensibilizando-os pelo interesse ao meio ambiente.
Segundo Reigota, a Educação Ambiental não deve ser limitada a um conteúdo ou disciplina específicos, deve sim transitar entre as diversas áreas do conhecimento, sendo trabalhada independente da idade dos educandos e de acordo com o contexto, possibilitando a mediação e construção do conhecimento em conjunto entre alunos e professores.
A metodologia utilizada pelo(a) professor(a) é, na maioria da vezes, uma escolha individual que deve considerar os diversos espaços e contextos em que o grupo está inserido, buscando sempre instigar a criatividade dos alunos. Para o autor existem diversas abordagens metodológicas que podem e são utilizadas nas escolas, entre elas estão o método passivo, descritivo, analítico e ativo, o qual permite ao aluno questionar dados e idéias sobre um tema desenvolvendo progressivamente o seu conhecimento e comportamento em relação a este.
O autor também faz referência à outras duas metodologias que podem ser empregadas, quais sejam, Histórias de Vidas, que possibilitam desenvolver a criatividade, as representações, a compreensão de conceito cientifico e de problemas ambientais em discussão e a Pedagogia de Projeto que permite a participação de todos os sujeitos na elaboração, execução e avaliação do mesmo.
A avaliação é um componente muito subjetivo e, portanto, se torna um processo extremamente difícil para o professor. Dessa forma, é necessário que a avaliação se direcione não para as incapacidades dos alunos, mas sim para identificar o que precisa ou não explorar para a solução dos problemas ambientais. Sendo assim, torna-se mais pertinente propor aos alunos o processo de auto-avaliação.
Os recursos didáticos utilizados na Educação Ambiental, segundo Reigota, podem ser simples ou sofisticados, dependendo da criatividade do professor. Assim, os meios de comunicação, as artes plásticas ou a própria aula são recursos utilizados que visam mediar conhecimento científico e cotidiano na aprendizagem dos alunos.
A Educação Ambiental no Brasil apresentou-se em duas faces, a primeira como um modismo desenfreado e através do oportunismo, a segunda como uma opção pedagógica crítica aos modelos vigentes.
Em suma, o autor explica que a Educação Ambiental é uma das mais importantes exigências educacionais contemporâneas, explicando que não deve ser utilizada como a transmissão de conhecimento ambiental, mas buscando ampliar a participação política do cidadão. Assim sendo, ela tem como intuito a consolidação da democracia, a solução dos problemas ambientais e a melhora da qualidade de vida partindo da ética e do diálogo entre gerações e culturas.


Análise Crítica

Acreditamos que Reigota, no presente livro, buscou esclarecer a idéia de Educação Ambiental indo além da solução dos problemas ambientais, mas sim como uma nova perspectiva de perceber as relações sociais, políticas e culturais. Essas perspectivas dizem respeito a busca utópica pela concepção de uma nova relação social que busca a formação de cidadão crítico, ético e consciente de que é necessário pensar no global para agir no local.
A obra apresenta-se sistematizada de forma clara e objetiva, levando o leitor a refletir constantemente sobre suas ações em um diálogo direto e prazeroso. Entendemos que o público alvo do autor da obra são professores que buscam uma nova concepção de Educação Ambiental.
Dessa forma, acreditamos que o mérito da obra está presente na linguagem utilizada pelo autor que incita o leitor à constante reflexão, levando-o a pensar e perceber criticamente sobre suas ações e as relações contemporâneas que vivenciamos atualmente.
Em suma, concordamos com a reflexão feita sobre a Educação Ambiental por Marcos Reigota e acreditamos que realmente através da conscientização, da sensibilização e da busca pela mudança de comportamento, tão citados pelo autor, que poderemos dar um passo adiante frente ao problema ambiental e à busca utópica de novas relações sociais que nos proporcionem uma vida mais sustentável, ética e democrática.

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